Eu Li | A Guerra Que Salvou a Minha Vida – Kimberly Brubaker Bradley

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Eu sei que eu já falei aqui que livros com crianças como os narradores da história me emocionam, porque eles são inocentes, delicados e trazem aquela carga emocional. Recentemente eu li um dos novos lançamentos da editora Darkside books e hoje (finalmente) eu vim compartilhar o que achei.

Esse post não conterá spoilers

Em A Guerra que Salvou a Minha Vida, nós vamos conhecer a história de Ada que tem 10 anos e tem o famoso pé torto cogênito (que ao contrário do que pensamos é algo muito comum, vocês podem conferir mais informações sobre isso aqui). Ada mora com a mãe e com o irmão de 6 anos. Ela nunca saiu do apartamento de onde mora, vê da janela seu irmão e outras crianças brincarem, porque, como sua própria mãe diz, “crianças de pé torto não brincam”. A menina é tratada igual bicho por sua mãe, você sentirá muita, mas muita raiva dela, sinceramente aquilo não é ser mãe. Para vocês terem noção, a mãe quando fica ou quer maltratar a menina, a tranca no armário d’baixo da pia, onde tem baratas e é muito escuro. (Já disse que odiei a mãe dela?)

Uma das coisas que a Ada deixa bem claro é que sua guerra é contra a mãe. Estamos na época da Segunda Guerra Mundial, Londres está em risco de bombardeio e as crianças começam a ser evacuadas para o interior. Sua mãe diz que apenas o irmão irá, e que a menina deve ficar. Mas é aí que a história realmente começa, porque a nossa linda Ada vai se superar e vai fugir com o irmão. Na cidade do interior, eles ficarão com a Susan, uma moça de seus 30 e poucos anos, sozinha e não queria ficar com as crianças… Porque ela não estava preparada.

A história vai muito além disso, pode não parecer mas é uma história intensa. Nós temos toda uma visão da guerra de uma menina que se sente inferior a todos, que não teve amor, que sempre foi a responsável pelo irmão, que foi aprendendo tudo pela primeira vez, o que é amor, como é ter alguém que se interessa por você, como é ter pessoas ao seu redor que não te julgam pelo seu pé. Genteeee, é tão delicado essa história, tão bruta, tão real. É uma leitura que eu super indico!

O relacionamento da Ada e da Susan é algo que te deixa com raiva e ao mesmo tempo você sente dó, porque precisamos sempre lembrar ao longo da história, que a Ada não sofre só fisicamente, mas sim psicologicamente, e os traumas dele é o que a definem durante a história. Susan faz um processo de cura lindo e no tempo que a menina vai aceitando. Por isso em vários momentos veremos a Ada sendo rebelde, mau criada, grossa e até mesmo momentos em que ela tem crises. Mas já aviso que tem umas revelações aí nessa história, uma veracidade da mãe deles de como ela se sente com eles, que meu coração apertou muito!

A história da Kimberly me pegou de jeito, achei algo delicado, sensível, cru e verdadeiro. Mostra um outro lado da guerra de uma menina de 10 anos. A edição está linda, a capa me conquistou, a diagramação está super tranquila e é uma leitura super rápida, leitura de um 1 dia. Eu recomendo e virou um favorito desse ano.

Ada tem dez anos (ao menos é o que ela acha). A menina nunca saiu de casa, para não envergonhar a mãe na frente dos outros. Da janela, vê o irmão brincar, correr, pular – coisas que qualquer criança sabe fazer. Qualquer criança que não tenha nascido com um “pé torto” como o seu. Trancada num apartamento, Ada cuida da casa e do irmão sozinha, além de ter que escapar dos maus-tratos diários que sofre da mãe. Ainda bem que há uma guerra se aproximando.

Os possíveis bombardeios de Hitler são a oportunidade perfeita para Ada e o caçula Jamie deixarem Londres e partirem para o interior, em busca de uma vida melhor.

Kimberly Brubaker Bradley consegue ir muito além do que se convencionou chamar “história de superação”. Seu livro é um registro emocional e historicamente preciso sobre a Segunda Guerra Mundial. E de como os grandes conflitos armados afetam a vida de milhões de inocentes, mesmo longe dos campos de batalha. No caso da pequena Ada, a guerra começou dentro de casa.

Quotes

“O Jaime está lá fora”, falei. “E por que não estaria?”, disse a Mãe. “Ele não é aleijado. Não é que nem você”.

“Mas, na única vez em que tentei sair, a Mãe descobriu e me espancou até fazer meus ombros sangrarem”.

“Minha casa era uma prisão.”

“Pensei nela me guiando pela rua, dizendo a todos: Essa é a Ada. É a minha filha. Vejam, ela não é tão imprestável quanto a gente pensava.”

“Estávamos livres. Da Mãe, das bombas do Hitler, da minha prisão no apartamento. De tudo. Doidice ou não, eu estava livre.”

Agora quero saber de vocês, quem já leu? O que achou? Ficou com vontade de ler? Aproveita e me conta, quais histórias com crianças ambientadas em guerras vocês me indicam?

Beijos e até a próxima!